segunda-feira, 25 de maio de 2009

A morte, esse dilema doloroso

Poucas pessoas estão preparadas para lidar com a morte. Isso se deve, principalmente, à visão que temos dela. Vemos nela um problema ou uma solução. Quando pensamos em nossa morte ou na de alguém a quem amamos, ela apresenta-se como um “problema”. Quando pensamos na morte de um desafeto ou pensamos em ir buscá-la num momento de desespero, aí ela se apresenta como uma “solução”. No entanto, ela é apenas uma mudança de estado.

Para entendermos a morte devemos nos conscientizar de que somos espíritos; que estamos usando um corpo que tem prazo de validade. Um dia ele não funcionará mais e teremos, inexoravelmente, que deixá-lo. Ninguém morre! A morte não existe! Por isso usamos a expressão desencarne cujo significado é deixar o corpo de carne.

Apenas deixamos um corpo sem vida e continuamos a viver sem a nossa vestimenta física. A vida continua e, por isso, levamos conosco o que somos e o que construímos durante a encarnação: de bom e/ou de ruim.

O medo que ela nos inspira nasce, normalmente, da incerteza acerca do futuro. Como nossa educação cristã nos deu uma ideia fantasiosa da vida após a morte, ficamos inseguros em relação àquilo que encontraremos no além-túmulo. A ideia de um céu e um inferno eterno faz com que uns se tornem descrentes e outros, temerosos. Aliás, o inferno foi criado como forma de impor o medo e estabelecer o domínio sobre as pessoas. Quem tem coragem para refletir sobre o assunto não acredita que Deus possa nos reservar um destino tão cruel, castigando uns com o sofrimento eterno e premiando outros com louvores e prazeres.

Com o Espiritismo temos uma visão clara e realista da vida após a morte do corpo e isso nos dá segurança para refletirmos sobre ela. Também nos deixa mais tranquilos quanto ao desencarne das pessoas a quem amamos, pois temos consciência de que a separação é apenas momentânea, de que as encontraremos no futuro e de que do plano espiritual elas nos acompanham e continuam a fazer parte de nossas vidas, mesmo que não as percebamos. Nós as (re)encontramos em nosso sono e essa bênção é alentadora para ambas as partes .

É uma ilusão esperarmos que um problema de relacionamento seja resolvido com a morte dos nossos desafetos. O inimigo desencarnado (espírito) pode ser mais perigoso do que quando encarnado (no corpo físico). Pode nos perseguir e prejudicar sem que o percebamos, o que diminui nossa capacidade de nos defendermos.

A morte também não é uma solução para nossos problemas, já que continuaremos sendo a mesma pessoa, carregando nossas virtudes e imperfeições. E quando ela é buscada através do suicídio, a situação se complica bastante. Além dos problemas que o suicida possuía quando encarnado, ele passa a sofrer as dolorosas consequências desse ato tresloucado, pois ao afetar o corpo físico, infringiu a Lei de Deus.

A eutanásia também não é solução para o sofrimento das pessoas a quem amamos. Aliviar a dor através da morte não é o caminho. A eutanásia é um grave erro, pois a vida não se extingue com o suposto “descanso”.

O aborto também não é solução para uma gravidez indesejada, pois é um crime perante as leis humanas e perante as leis naturais, assim como o suicídio.

A dificuldade de se lidar com a morte, dependendo do que sabemos sobre ela, pode tornar-se um grande problema em nossas vidas. Por isso é importante que busquemos as respostas para as nossas dúvidas e indagações.

Os ensinamentos espíritas nos permitem compreendê-la, aceitá-la com naturalidade e, assim, diminuir os estados de preocupação e de dor porque ela é um processo natural. Assim, superamos o medo e auxiliamos os que partiram. Isso é importante, pois o desespero dos que “ficam” prejudica e faz sofrer aqueles que se “foram”.

Essa compreensão também é importante para convivermos com a ideia de que tudo é passageiro, que todos, mais cedo ou mais tarde, retornaremos à pátria espiritual, que lá colheremos os frutos de nossos esforços e nos prepararemos para mais uma experiência física (reencarne).

A vida material é um estágio, é uma viagem com começo, meio e fim. Por isso é importante que a aproveitemos bem, que estejamos sempre preparados para o momento do retorno à verdadeira vida, que é a vida espiritual.

“Nascer, viver, morrer. Renascer ainda. Progredir sempre. Tal é a Lei.”

Allan Kardec